24 maio 2016

Feira Regional de EPS de Conselheiro Lafaiete mostra possibilidade de reinserção econômica e social

Recuperandos da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), representantes de atingidos pela tragédia do rompimento da barragem em Bento Rodrigues – distrito de Mariana – e usuários dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) da cidade estão entre os 33 empreendimentos que ofereceram seus produtos na Feira Regional de Economia Popular Solidária (EPS) em Conselheiro Lafaiete, no fim de semana (21 e 22/05).
São João del-Rei, também no Território das Vertentes, será o próximo município a receber a feira, nos dias 27 e 28, na Praça do Coreto.

 

Em Lafaiete, o evento atraiu centenas de pessoas à Praça São Sebastião. Além de empreendedores da cidade sede, participaram expositores de Santa Bárbara do Tigúrio, Itaverava, Congonhas, Mariana, Queluzito, Catas Altas, São João del-Rei, Tiradentes e Barbacena e Ouro Preto. “A Economia Solidária é uma prioridade para o Governo de Minas Gerais e para a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social”, afirmou a superintendente de Políticas de Trabalho e Emprego da Sedese, Maíra Moreira, na abertura da feira de Lafaiete.
Zilda Helena dos Santos Vieira, secretária de Desenvolvimento Social do município, considerou que as feiras são uma oportunidade importante de se contornar uma das principais dificuldades enfrentadas pelos empreendedores, que é a comercialização dos seus produtos. O diretor da Regional Sedese em São João del-Rei, à qual está ligado o município de Conselheiro Lafaiete, Erick Teixeira de Assis, disse que está sendo criado um comitê gestor para definir o uso do kit de 30 barracas doado pela Sedese, para a manutenção das feiras.


Um dos destaques da feira, as três barracas com produtos confeccionados pelos recuperandos da Apac de Conselheiro Lafaiete ofereciam artesanato à base de dobraduras, palito, mosaico, tapeçaria e pneus reciclados além de hortaliças e frutas. Funcionário da Apac local, Ricardo Nonato informou que a associação abriga 140 recuperandos, nos regimes fechado, semiaberto e de albergue. Todos eles trabalham durante o dia e à noite, muitos estudam, já que há uma extensão da Escola Estadual Professor Astor Viana em funcionamento na unidade.

CONSTRUÇÃO DE APAC FEMININA
De acordo com o presidente da Apac , major da reserva da PM Marco Antônio da Silva, essa metodologia de recuperação resultada em um índice de reincidência em delitos que não chega a 10% e o custo per capita da manutenção dos recuperandos na Apac é de um terço do valor apurado no sistema prisional tradicional. O trabalho e o estudo na unidade resultam em remissão de pena. A cada três dias trabalhados, o recuperando tem um dia a menos de pena. Uma Apac feminina, contou o presidente, será construída, a partir de agosto, por pedreiros formados na própria unidade masculina.
Uma das responsáveis pela barraca que vendia produtos confeccionados nas oficinas dos Cras de Conselheiro Lafaiete, Cláudia Camilo, que frequenta um dos centros de referência para aulas de reciclagem, de canto e de violão, contava que, além de ter sua renda aumentada pela comercialização dos produtos de artesanato, a ocupação nas atividades representa para ela uma verdadeira terapia. “Participo também de uma Oficina da Memória, com uma psicóloga, que muito me ajuda”, emendou.
A famosa geleia de pimenta biquinho fabricada por uma cooperativa de produtores de Bento Rodrigues, distrito de Mariana destruído pela lama da barragem de rejeitos da Mineradora Samarco, também mereceu destaque na feira de Lafaiete. Marinalva Santos Salgado, da Associação de Hortifrutigranjeiros de Bento Rodrigues, disse que perdeu tudo na tragédia, mas que a retomada da produção e a possibilidade de comercializá-la são alentos. “Sobrevivi com a roupa do corpo, mas, assim como meus conterrâneos, tenho esperança de retomar a vida. Essas feiras nos ajudam a fazer contatos, a mostrar e vender nosso produto”, comemorou.

Fonte: Sedese