02 março 2016

Secretaria participa do segundo dia do Encontro Estadual


A secretária Zilda Helena e a gerente da Proteção Social Básica, Andreia Silva, participaram ontem, 02, do segundo dia do Encontro Estadual de Gestores Municipais de Assistência Social em Belo Horizonte.
 No segundo dia de trabalho, os gestores municipais de assistência social de Minas Gerais, reunidos na Cidade Administrativa, se debruçaram sobre o desafio de elaborar o Plano Decenal de Assistência Social 2016-2026. A mesa temática desta terça-feira (1º/03), trouxe personalidades como a secretária Nacional de Assistência Social, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e a pesquisadora da PUC/SP, Aldaíza Sposati.
“Não se planeja se não há confiança no futuro e se não se sabe para onde caminhar”. Com essa afirmação, Ieda Castro orientou os representantes dos municípios a primeiro conhecer a realidade local, com suas desigualdades sociais; em um segundo momento a não “baixar a guarda” e assegurar as conquistas já alcançadas, especialmente os programas de transferência de renda, como o Programa Bolsa Família (PBF) e Benefício de Prestação Continuada (BPC), ameaçadas na atual conjuntura de retração econômica.
“O Plano Decenal tem que abrir afirmando que não podemos retroceder nas conquistas, tem que garantir os serviços e provisões da assistência social”, ressaltou Ieda Castro. Ela ainda chamou a atenção para outros pontos fundamentais na elaboração dos planos decenais municipais e estadual: a convergência entre as ofertas do Suas e as necessidades sociais. Para tanto tem que haver investimento na capacidade institucional do município, alcançar os territórios ainda descobertos pela proteção social, ampliar o acesso ao BPC e PBF para dotar a assistência social de capacidade de induzir mudanças na realidade das famílias e dos territórios.
O secretário de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, André Quintão, ponderou que agora temos um reforço na construção coletiva do Plano Decenal. “Temos os encontros regionais do Congemas (Colegiado Nacional dos Gestores Municipais de Assistência Social) e o Fonseas (Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Assistência Social), que vão atuar mais intensamente na questão. Porém, o mais importante são as deliberações da 11ª Conferência Estadual de Assistência Social para a construção do Suas que queremos”, anunciou André Quintão.
A secretária nacional alertou ainda para a necessidade dos planos decenais levarem em conta as mudanças no mundo do trabalho, tendo em vista a atual conjuntura e o envelhecimento progressivo da população brasileira. A ampliação da proteção social a grupos e populações específicos, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos e ciganos, entre outros, a análise das diversidades territoriais e, por último, buscar resposta para os desastres naturais e calamidades também foram destacadas por Ieda Castro. “As questões transversais também devem ser analisadas. E entre elas se encontra a qualificação do trabalho e a qualidade do serviço oferecido à população”, finalizou a secretária nacional.
Para a secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de Cordisburgo, Ivone Pereira Castro Silva, os temas foram sugestivos e valeu a pena distanciar-se da gestão municipal por alguns dias.  “Volto para casa com a clareza de que neste momento temos que construir metas para atender indivíduos e famílias que não chegam ao nosso serviço e, ainda, ofertar o serviço com mais qualidade, como atender o jovem que está fora da escola e do trabalho”, exemplificou Ivone.
Minas não são poucas
A secretária de Estado Adjunta de Trabalho e Desenvolvimento Social, Rosilene Rocha, informou que o estado de Minas Gerais não construiu seu plano decenal 2005-2015 e que estamos vivendo uma mudança substancial na gestão. “Se antes o foco era em processos e mecanismos institucionais, hoje o governo estadual, por meio da Sedese, busca efetividade na intervenção pública, trabalha no sentido de atenuar as desigualdades sociais para efetiva territorialização da cidadania e das oportunidades econômicas”, afirmou.
Ela resgatou o processo de participação social ocorrido nas conferências municipais, regionais e estadual; a presença do secretário André Quintão, por meio do programa “Sedese perto de Você”; e o permanente diálogo estabelecido com os Fóruns de Governo, já realizados nos 17 territórios de desenvolvimento. “O esforço agora deve se concentrar na definição de metas factíveis, sem perder de vista a consolidação do Suas”, afirmou.
Em um estado repleto de singularidades, Rosilene Rocha acredita que o Plano Decenal precisa conter ações que alcancem populações em situação de isolamento, enfrentar a pobreza, especialmente no Norte de Minas e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, onde 60% das famílias registradas no CadÚnico possuem renda abaixo de R$ 154, ter respostas para as populações atingidas por barragens, enfrentar a pobreza rural e combater a violência entre os jovens. 



Entre o velho e o novo
A professora e pesquisadora da PUC/SP, Aldaíza Sposati citou a definição de Antonio Gramsci para contextualizar a assistência social. “Crise é a permanência do velho e a luta pelo nascimento do novo. Esta definição se aplica a nós”, explicou.
Ao afirmar que a assistência social tem se dedicado à emergência de “pequenas coisas”, ela defendeu a necessidade da área estar preparada para as grandes emergências, vide a ruptura da barragem da Samarco em Mariana.
A pesquisadora alertou para uma possível armadilha, comum na atual conjuntura. “Uma política de proteção social não pode se delimitar pela situação de miserabilidade, este é o velho modelo, é uma armadilha. A política não contém as respostas e as velhas fórmulas saem fortalecidas. Contraditoriamente, quando atendemos alguns, em detrimento de outros, estamos fortalecendo as desigualdades, daí a necessidade de universalização do Suas”, explicou Sposati.
Ela mencionou algumas das deliberações da X Conferência Nacional de Assistência Social, realizada no ano passado. “A classificação das deliberações teve início, mas já é possível perceber que há necessidade de alterações no processo de gestão para obter melhores condições para o trabalhador do Suas. É preciso ainda estabelecer parâmetros e protocolos entre o Suas e o Poder Judiciário; buscar proximidade com o Poder Legislativo para que não sejam aprovadas leis conflitantes e aprovar uma nova escala de classificação do porte dos  municípios para valorizar aqueles de pequeno porte” finalizou.
As eleições municipais marcadas para 2016 foram lembradas pela secretária Municipal de Assistência Social de Betim, Darci Vilaça. “Se é um complicador, tendo em vista as dificuldades dos municípios em planejar e construir indicadores, por outro lado é uma vantagem, os eleitos já poderão contar com o Plano Decenal”, ponderou.

Fonte: Sedese